Sinistralidade é a chave
- Quais são os tipos de Reajustes dos Planos de Saúde?
- Tá, e como o Reajuste funciona para cada tipo de Plano de Saúde, quais as regras?
- Claro e cristalino como água pura da fonte, mas…
- Enfim, como reduzir o Reajuste do Plano de Saúde: Sinistralidade é a chave!
- Acompanhar os Relatórios periódicos de Sinistralidade e maiores utilizadores do Plano de Saúde
- Implantar a Coparticipação
- That’s all folks?
- Conclusão: Reajuste, ora, o Reajuste!
Reajuste (anual) do Plano de Saúde é a forma de se “atualizar / corrigir” o preço pago pelo cliente e tem como objetivo permitir que a operadora ou seguradora de Saúde consiga manter a prestação do serviço contratado. O Reajuste é aplicado no mês de aniversário do contrato (apólice) e, dependendo do tipo de plano (Individual, Familiar, por Adesão ou Empresarial) as regras do Reajuste são diferentes.
Para empresas que possuem Planos de Saúde com 30 ou mais beneficiários (colaboradores e familiares), o controle da Sinistralidade é essencial para se tentar reduzir o Reajuste do Plano de Saúde.
Desde que iniciei minha vida profissional há 25 anos (comecei muito novo, ok?), o Plano de Saúde sempre foi considerado o benefício mais importante oferecido pelas empresas.
Aliás, parece até que quanto mais o tempo passa, pior fica o acesso a exames e consultas de um dos maiores e mais complexos sistemas de saúde pública do mundo; sim, não se alarme, mas o nosso SUS é reconhecido mundialmente pela sua envergadura!
E pelo Plano de Saúde ter cada vez mais essa importância para colaboradores de empresas de qualquer tamanho, ele passa a ser uma forma interessante de retenção de talentos e de melhora na qualidade de vida da equipe e de seus familiares.
Neste contexto, quem, em sã consciência, optaria por deixar de oferecer este importante benefício a seus colaboradores ou mesmo de diminuir a abrangência da rede de atendimento do Plano de Saúde?
Somente se o valor investido neste benefício se tornasse um peso muito grande para o Caixa da empresa, não é mesmo?
Justamente por este fato, os RHs do nosso Brasil têm uma árdua batalha ano após ano, quando chega o momento de se “digladiar” com as Operadoras e Seguradoras de Saúde com um objetivo claro: como reduzir o Reajuste do Plano de Saúde.
E por (ainda) estarmos vivendo um momento tão crítico por conta da pandemia do corona vírus, com o Caixa de 90% das empresas estrangulado, essa realidade se torna mais e mais presente.
Vamos, então, avaliar quais alternativas existem para se tentar minimizar o citado Reajuste do Plano de Saúde?
Comecemos pelo início!
Mas, se preferir, eis o link do vídeo com o conteúdo deste post:
Quais são os tipos de Reajuste dos Planos de Saúde?
Independente do tipo (Individual, Familiar, por Adesão ou Empresarial), um Plano de Saúde sempre terá 2 tipos de reajuste:
No início do texto, mencionamos apenas o 1º tipo de Reajuste, por variação de custos, pois ele é o mais conhecido e é onde costuma-se ter questionamentos ano após ano. E muitas pessoas e empresas já costumam, 2 a 3 meses antes do citado aniversário do contrato, avaliar outras opções no mercado.
Já o 2º tipo de reajuste, por faixa etária (ou idade) dos beneficiários, costuma ser menos questionado, dado que as Operadoras de Saúde trabalham com preços por faixa etária antecipadamente conhecidos pelo cliente quando da contratação do Plano de Saúde.
Neste último caso, os questionamentos acabam apenas acontecendo quando um dos beneficiários passa dos 59 anos de idade, quando o reajuste acaba tendo percentuais mais elevados, causando “sustos inesperados” nos clientes e levando a muitos questionamentos na Justiça.
E, tão importante quanto, o reajuste por faixa etária acontece ao longo do contrato do Plano de Saúde. Ou seja, se eu fizer 34 anos hoje (olha como sou jovem!), no mês que vem a Operadora de Saúde já envia o boleto com o novo valor da faixa de 34 a 38 anos.
URGH!!
Por sinal, você sabe quais são as faixas etárias que tanto citei até agora?
Dá uma olhada abaixo caso você não se lembre!
PS: essas são as faixas etárias vigentes em todos os Planos de Saúde comercializados a partir de 01/01/2004. Planos de Saúde comercializados antes desta data têm faixas etárias um pouco diferentes.
Agora, Planos de Saúde comercializados antes de 02/01/1999 têm regras com base no contrato, mas como estes são exceções não vamos tratar deles aqui, ok?
Ah, e como a probabilidade de mais de um beneficiário mudar de faixa etária no mesmo mês é pequena, esse tipo de reajuste acaba não tendo um efeito tããããão grande assim no bolso.
E, para finalizar, dado que quando contratamos um Plano de Saúde já sabemos quais os aumentos quando mudarmos de faixa etária, fica mais difícil reclamarmos por conta disso, não é?
Mas, aí, nesse momento você deve estar se perguntando…
…tá, e como o Reajuste funciona para cada tipo de Plano de Saúde, quais as regras?
Como diria Jack, vamos por partes!
Assim como falamos ali em cima sobre o reajuste por faixas etárias, não entraremos nas regras de Reajuste dos Planos de Saúde comercializados antes de 01/01/2004 neste texto.
Primeiro motivo: a maior parte dos planos hoje vigentes foram comercializados após esta data e, portanto, seguem as regras que aqui detalharemos.
Segundo motivo: quem tem um plano mais antigo dificilmente pensa em mudar! Em regra, porque as condições destes planos tendem a ser mais favoráveis aos clientes.
Terceiro e último motivo: para a ANS (Agência Nacional de de Saúde Suplementar), órgão regulador dos Planos de Saúde, o reajuste dos planos antigos deve se dar conforme definido em contrato. Mas a Justiça brasileira tem, em diversas oportunidades, entendido que os planos antigos devem seguir as mesmas regras dos planos mais novos.
Isto posto, voltemos!
Pois bem, o Reajuste anual do Plano de Saúde por variação de Custos depende do tipo de plano contratado.
Você queria um resumo destas regras para facilitar a sua leitura e entendimento?
Taííííííí o que você queria!!!
Claro e cristalino como água pura da fonte, mas…
Os chamados planos Coletivos por Adesão tornaram-se uma febre nos últimos anos, pois a ANS criou inúmeras dificuldades para as Operadoras continuarem comercializando os Planos de Saúde Individuais e Familiares.
Então, o mercado criou a alternativa de uma pessoa se unir a entidades de caráter profissional, classista ou setorial, em regra através de uma Administradora de Benefícios (exemplo mais famoso: Qualicorp).
No fim, essa pessoa acaba tendo acesso a Planos de Saúde de qualidade a um preço até que acessível, porém o Reajuste anual destes tipos de planos, como dito acima, são negociados entre a Operadora de Saúde e a Administradora de Benefícios.
Em regra, o Reajuste deste tipo de Plano de Saúde acaba ficando (bem) acima do Reajuste permitido pela ANS a Planos de Saúde Individuais ou Familiares.
Resultado: inúmeros questionamentos na Justiça quanto a reajustes “abusivos” deste tipo de Plano de Saúde contratado “por Adesão”.
E, como você já deve saber, a Justiça tem dado ganho de causa à pessoa que diz, com razão, que seu Plano de Saúde foi contratado para si ou sua família e, portanto, deve ter o Reajuste anual seguindo as mesmas regras dos planos…individuais e familiares
Achou estranho?
Prepare-se!
Nos últimos anos muitas Operadoras de Saúde passaram a permitir a contratação de Planos de Saúde empresariais a partir de 02 beneficiários (1 sócio da empresa e sua filha). Até CNPJs do tipo MEI podem ter este benefício, o que é muito legal como forma de acesso ao Plano de Saúde.
Resultado?
Mais questionamentos na Justiça, com vários ganhos de causa também para as pessoas que corretamente dizem que seus Plano de Saúde foram contratados apenas para suas famílias e, portanto, devem ter o Reajuste anual seguindo as mesmas regras dos planos individuais e familiares!
Perdoe o pequeno desvio de rota deste texto, mas o acima é apenas uma forma de aprofundar o entendimento de todo o cenário e, porque não, lhe apresentar fatos reais que podem mudar um pouco o status quo da regulamentação do Reajuste anual dos Planos de Saúde.
Voltemos, então, ao tema deste texto antes que você desista!
Enfim, como reduzir o Reajuste do Plano de Saúde: Sinistralidade é a chave!
Tenhamos em mente que tentar reduzir o Reajuste do Plano de Saúde via negociação com as Operadoras de Saúde não funciona para planos do tipo Individual, Familiar, por Adesão ou Empresariais com até 29 beneficiários, conforme mostramos logo ali em cima.
Ou seja, reduzir o Reajuste do Plano de Saúde via negociação com as Operadoras de Saúde só funciona para Planos de Saúde do tipo empresarial com 30 ou mais beneficiários!
Lembra da introdução deste post em que dissemos que o Reajuste (anual) do Plano de Saúde é a forma de se “atualizar / corrigir” o preço pago pelo cliente?
Para a negociação anual sobre o Reajuste, as Operadoras de Saúde demonstram para as empresas clientes como seus custos têm se comportado através de uma palavrinha só, mas que traz também algumas discussões: Sinistralidade!
A Sinistralidade do Plano de Saúde é bem simples de se calcular.
A Operadora pega todas as Despesas que teve com os beneficiários nos últimos 12 meses (consultas, exames, internações, cirurgias e materiais usados etc.), divide pelo valor pago pela empresa neste mesmo período (que é a Receita da Operadora) e multiplica por 100.
Se essa conta for maior do que 70%, a Operadora tem bons argumentos para que o Reajuste seja mais caprichado.
Por outro lado, se a conta for menor do que 70%, a empresa passa a ter um bom argumento para negociar um Reajuste menor.
E voltando à pergunta mágica: como reduzir o Reajuste do Plano de Saúde?
Simples, diminuindo as despesas da Operadora!
Como?
Vejamos!
1. Acompanhar os Relatórios periódicos de Sinistralidade e maiores utilizadores do Plano de Saúde
Para facilitar a vida da empresa cliente neste sentido, a operadora de Saúde deve disponibilizar relatórios trimestrais dos maiores utilizadores do Plano de Saúde e os Departamentos em que estes trabalham.
E propor ações com o objetivo de diminuir esta utilização do plano de forma consistente, ao longo dos usuais 12 meses de contrato do Plano de Saúde.
Palestras, treinamentos e cartilhas explicativas são bons exemplos de ações a serem tomadas.
Em um dos clientes da Drs. protect, ficou claro através destes relatórios que os colaboradores da área da cozinha da empresa cliente eram os que mais utilizavam o Pronto Socorro.
Fizemos, junto com a Operadora, uma reunião em que demonstramos este fato e explicamos o correto uso do Plano de Saúde: tentar marcar consultas com médicos de cada especialidade e apenas em uma urgência levar o beneficiário ao Pronto Socorro, que é o tipo de atendimento mais caro para a Operadora.
Consequência?
A Sinistralidade diminuiu!
Não é invenção da roda, apenas gestão a partir de informação!
Porém, e esse é um grande porém, as Operadoras de Saúde só emitem estes relatórios de Sinistralidade e de maiores utilizadores de Planos de Saúde com 100 ou mais beneficiários!
E eu diria que as Operadoras só não fazem esta abertura de informação para Planos de Saúde com 30 a 99 beneficiários por pura incapacidade humana (e tecnológica, talvez?), falta de braço mesmo para levar estas informações até os gestores das empresas clientes e discutir formas alternativas de reduzir a Sinistralidade do contrato.
Quer dizer que empresas cujos Planos de Saúde não tenham os tais dos 100 beneficiários estão lascadas e não podem fazer nada para diminuir a Sinistralidade ao longo da vigência do plano e buscar argumentos para reduzir o Reajuste anual do Plano de Saúde?
Calma!
Tem um outro caminho simples e que dá resultados.
2. Implantar a Coparticipação
Quase toda Operadora de Saúde oferece os mesmos Planos de Saúde com ou sem a Coparticipação.
E o fato concreto é que os Planos de Saúde com Coparticipação são de 10% a 35% mais baratos do que os mesmos Planos de Saúde sem Coparticipação.
Por que?
Porque a Coparticipação nada mais é do que uma forma do cliente “participar” do custo de evento realizado.
Como funciona?
Com pequenas taxas pagas pelo beneficiário a cada consulta médica ou exame laboratorial feito, o que incentiva as pessoas a utilizarem o Plano de Saúde da forma mais correta possível.
Essas taxas adicionais têm como objetivo diminuir as utilizações ditas indevidas (*) dos Planos de Saúde.
(*) exemplo de utilização “indevida”: por qualquer necessidade ir ao Pronto Socorro, como falamos no exemplo ali em cima!
Colocamos a palavra indevida entre aspas de propósito, pois todo produto que contratamos é para ser utilizado, certo?
Com a correta utilização do Plano de Saúde, diminui-se a Sinistralidade.
Quanto menor a Sinistralidade, mais argumentos a empresa terá em mãos para negociar um Reajuste menor com a Operadora de Saúde, certo?
Bingo!
Quer saber como a Coparticipação realmente funciona e cuidados ao optar por um Plano de Saúde COM Copart?
Veja nosso blog post a respeito clicando aqui!
That’s all folks?
Calma!
Há algumas outras alternativas que também podem e devem ser utilizadas por qualquer empresa (independente do seu tamanho), mas que serão um pouco menos diretas para se reduzir a Sinistralidade do Plano de Saúde.
Ainda assim, lembramos aqui algumas destas alternativas que também devem ser trabalhadas pela empresa junto a seus colaboradores (e familiares destes):
- Incentivar a realização de checkups anuais de saúde
- Direcionar doentes crônicos a tratamento em unidades de atendimento especializado da Operadora (melhora o atendimento e reduz custo)
- Estimular a participação em campanhas de Saúde (Vacinação, Outubro Rosa, Novembro Azul, Combate ao tabagismo etc.)
- Fazer bom uso da Saúde Ocupacional, inclusive com preocupações de ergonomia no ambiente de trabalho e o correto uso de EPIs
Conclusão: Reajuste, ora, o Reajuste!
Pois é, uma vez entendido quais os tipos de Reajuste que o seu Plano de Saúde pode sofrer, fica mais fácil visualizar como tentar diminuí-lo.
Mas isso, infelizmente, só fica mais patente para empresas cujos Planos de Saúde possuam mais do que 100 beneficiários.
A correta e periódica gestão da Sinistralidade do plano é, sem dúvida, a melhor forma de se controlar as despesas trazidas à Operadora de Saúde e, consequentemente, tentar reduzir o temido Reajuste anual do Plano de Saúde.
Já para empresas cujos Planos de Saúde tenham entre 30 e 99 beneficiários, a implantação da Coparticipação passa a ser o principal caminho com este mesmo objetivo.
Além dessas 2 ferramentas, outras ações que vislumbrem melhorar a saúde e a qualidade de vida do colaborador e seus familiares indiretamente ajudarão nesse sentido, mas serão muito mais difíceis de serem “contabilizadas”.
Agora, se sua empresa tem 30 ou mais beneficiários no Plano de Saúde e ainda não conseguiu encontrar estes caminhos, entre em contato conosco!
Tenho certeza que um Dr. protect, especialista na Saúde financeira das PMEs, vai saber como lhe ajudar.
Ótimo trabalho!
Após perder muito tempo na internet encontrei esse blog
que tinha o que tanto procurava.
Parabéns, Gostei muito.
Meu muito obrigado!!!
Obrigado, Marcos 🙂